Ele estava no canto
largado, amarrotado,
todo empoeirado.
Largado na prateleira,
esquecido pela feira,
ele viva lá,
todo empoeirado.
Não era visto,
nem mexido,
e muito menos desejado,
querido,
vivia pelo canto,
todo empoeirado.
Depois de um tempo veio o pranto,
o choro era o recanto,
já que ele vivia largado,
empoeirado.
Decidiu não se abater,
nem tentar compreender,
apenas seguir a vida,
mesmo que empoeirado.
Começou novos fazeres,
e também alguns sonhares,
buscando muitos prazeres,
e também novos ares.
A poeira foi saindo,
e de novo, ele, foi surgindo
atraindo cada vez,
mais e mais olhares.
Ainda no cantinho,
ressabiado, meio sozinho,
a prateleira do canto
era seu recanto.
Eis que bate o vento,
e a porta abre novamente,
cliente exigente,
não quer levar qualquer um.
Olha prum lado e pro outro,
procura, olha de novo,
está quase decidido a não levar nenhum.
Mas um feixe de luz entra a porta,
e ilumina logo o empoeirado,
que está na prateleira ao lado,
e já tinha desistido de chamar atenção.
Ela vê que ele está triste,
e meio que impactada,
decide numa tacada,
pelo empoeiradão.
Hoje ele é outra pessoa,
a cliente é amor da vida inteira,
e juntos escrevem poesias,
e a mais linda história de amor.
E mesmo de um coração partido,
amargurado, fraco, desiludido,
surge um lindo
sentimento encantador.
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