domingo, 19 de julho de 2009

Loucamente Sã

Era para ser mais um dia normal, o início do final de semana, e eu realizando minha rotina semanal.

O ônibus que tenho pego todos os dias é o de ar-condicionado (o que me faz gastar mais R$ 0,60), mas tudo bem, vou no geladinho, lendo meu livro e prestando atenção no que ocorre ao meu lado. E por isso pude observar bem o que lhes conto agora.

Sexta feira, último dia da semana, eu atrasado como sempre, sentado no banco da janela. Entretanto, algumas coisas diferentes me derem indícios de que ela não seria mais uma sexta, mas A sexta. E foi ...

O ônibus era diferente e tinham bancos antes da roleta. Geralmente não sento neles, porque eles são reservados as gestantes, aos idosos e outros, porém, como tinham mais bancos do que os de costume, fiquei por ali. Ele foi enchendo e muitas mulheres com crianças pequenas foram entrando. Além disso me chamar a atenção, o ocorrido dentro dele me fez refletir o que conto para vocês ...

Estavamos no meio da viagem, quando a passageira sentada no banco da frente disse:"- Estou abrindo uma excessão já". E eu, sem entender nada passei a observar para poder entender ...

A última das meninas que tinha entrado tinha dois filhos. Um dos filhos (o menor) ela colocou no colo. A outra, uma menina, sentou ao lado dessa senhora que disse estar fazendo uma excessão. A excessão a qual ela se referia, era colocar a filha dessa menina no colo, para dar lugar a um senhor com deficiência. Mas essa não foi a única excessão ...

Antes disso, ela já tinha gritado dentro do ônibus, para que as pessoas sentadas no local reservado a gestantes e idosos se levantassem e dessem lugar a duas senhoras que tinham entrado e mal conseguiam andar. Mas não parou por aí ...

Prestes a descer (ela na Av. Passos e eu nos Arcos da Lapa), ela fez a terceira ação: Gritar com o motorista que falava ao celular. Enquanto ele respondia tudo bem, ela falava alto, para que todos ouvissem o quão irresponsavel ele estava sendo, conduzindo mais de 100 pessoas, e falando ao mesmo tempo ao celular, talvez com sua "namorada", fazendo juras de amor.

Depois que ela desceu, todo o ônibus disse:"- essa mulher é louca, o que é que ela tem, ela é louca ..." entretanto, fiquei me perguntando:- Quem é louco afinal ?! Ela ou nós ?!

E ainda estou a refletir isso. Porque a loucura dele se resumiu a mostrar aos passageiros o quanto devemos ter de educação; a mãe das crianças, o quanto é dura a vida e não é sempre que as pessoas serão complacentes com ela; ao motorista, o quão errado ele estava ao dirigir e falar ao telefone.

E ao passo que todos a chamavam de maluca, eu percebia que ela era sã. Sim, muito sã, lutando pelos nossos direitos, direitos de todos os cidadãos. Malucos somos nós, que aceitamos conviver nesse mundo louco, ignorando nossos direitos, e aceitando tudo como paisagem.

Afinal, a paisagem em que você vive e aceita viver é tão bela quanto você desenha ?!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Para onde foi o Social ?!

Outro dia eu estava me questionando .....


Qual é o papel de um comunicador social ?! É claro que nenhum questionamento surge do nada e o meu surgiu ao perceber o seguinte: Minha irmã está se formando em Serviço Social. Ela será uma assistente social e irá ajudar a idosos (que é onde ela está trabalhando agora), mas na verdade o mote da profissão é ajudar, auxiliar a sociedade de um modo geral e as pessoas que estão desamparadas, necessitadas e precisam de um amparo.

Pois bem, saindo do Serviço Social, fui pensar nas outras profissões (cursos) em que o segundo termo é Social. Aí lembrei .... temos a Comunicação Social - mas ela é social de verdade !? E aí foi dificil responder a essa questão.... E trago essa indagação para vocês.

Hoje em dia o que vale na informação ?! A informação em questão ou o número que ela proporciona para a retransmissora em questão ?! Sim, porque o modo de transmitir a informação e a escolha de qual informação transmitir está diretamente atrelada a interesses e ao monstro atual da televisão brasileira que é o IBOPE.

Vejamos caso recente: Todos os jornais noticiaram a morte de um renomado artista internacional. Porém, pouco se fala da fome no nordeste, das cheias no Maranhão ou dos ventos do Sul. Pouco se noticia os escandalos nas casas de justiça e as atrocidades nos átrios da lei.

E isso não é só na TV. Nos jornais também é assim. Para ter mais venda, a matéria de capa é aquela, sensacionalista, para a venda de jornais. Na internet então, nem se fala.... E aí eu pergunto, para onde foi o Social ?!

Sim, porque a função social do comunicador (ou comunicólogo) acho que está indo para o espaço. E não é para perto, já que nossa próxima expedição será para Marte. Talvez seja para lá que esteja indo a função social do comunicador. Porque na TV não existe função social (seja ela de informação, de esclarecimento, de questionamento do que aconteçe nos dias atuais) que consiga vencer a guerra de egos existente na TV brasileira.

E, se algumas das melhores escolas do País (as que tiram A no Provão) tem um ensino que não valorize isso, que dirá as que tiram E. Mas para ter o social valorizado, não adianta somente um bom ensino, é preciso ter uma boa cultura ... Que se importe com os demais ...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Puta que lá merda

Palavrão !! Segundo o dicionário, palavrão pode ser tanto uma palavra grande, quanto obscenidade.


Hoje em dia, o palavrão deixou de ser uma obscenidade. Já é falado pelas crianças na rua, como se o mesmo fosse encontrado e aprendido a uma simples leitura no dicionário. Seja com o motorista de ônibus que parou fora do ponto, seja com o amigo do colégio que lhe tacou uma amêndoa, seja no momento que caiu uma chuva de surpresa, enfim, se antes os termos chamados chulos eram ditos em poucos locais (estádio, partidas de futebol, briga e prostíbulos), hoje ele é dito mais vezes do que se bebe água.

Mas, como obscenidade hoje em dia vende ..... Não, não foi por isso que eu coloquei esse título. O palavrão acima não pode ser considerado grande porque não é uma palavra, mas sim uma frase; e sendo frase, não pode ser considerada como tal. Por outro lado, a obscenidade, sendo dita por uma criança, que ainda é um ser puro, lindo, livre e verdadeiro, geralmente é vista de outra forma.

E esse é o intuito do título. a obscenidade acima foi vista por mim como uma coisa linda, bela. Tudo porque tomou outra conotação que não a de um palavrão. Não foi usada para denegrir a imagem de alguém ou minimizar a condição de alguém, mas sim para exteriorizar o sentimento em um determinado momento de alegria, de gozo. Essa foi a frase dita pelo Roberto Carlos, enquanto menino, e que me marcou demais no filme que assisti na última quarta feira.

Em "O Contador de Histórias", a vida de Roberto Carlos, um garoto negro de Minas Gerais é contada desde o seu início pobre e humilde até os dias atuais. Sua mãe o deixou na FEBEM acreditando ser o melhor para ele, mas lá ele sofre demais com tudo (abusos, violência e outras coisas mais). É apresentado também, como era vista a FEBEM em seu início e como era diferente a imagem gerada no imaginário das pessoas ao assistir ao comercial e a realidade da instituição após o seu ingresso. Mas esse não é o ponto ....

O ponto é que uma expressão como o título desse post foi, pelo menos para mim, pela primeira vez, uma palavrão falado de forma positiva. Nenhum outro palavrão foi falado de forma positiva como esse falado pelo menino. E falado de uma forma tão pura e linda ao realizar o seu sonho de ver o mar. Mas esse é apenas um dos pontos desse filme que me impactou e me fez pensar ....

Será que não há solução para os casos mais graves de nossa sociedade ?! Será que não há ninguém que faça parar os escandalos políticos ?! A falta de amor de uns pelos outros ?! O afeto pelas coisas simples ?!

Se não existe mais justiça, que exista pelo menos amor ....

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Rico Rouba ?!

Estava me lembrando de uma noite dessas.... Tinha ido pela primeira vez nessa boate na Zona Sul. Zona Sul ... Zona Sul .... Lugar chique no Rio de Janeiro.

Já na entrada, me assustei porque, ao contrário do que é realizado na maioria das casas noturnas que estava acostumado a ir, nessa a comanda é eletronica - ou seja - o cara controla a sua conta através de um cartão. Tecnologia a parte, fui lá eu para curtir.

Entrei e tentei parecer um ser normal diante de todo aquele ambiente novo para mim ... Observava as pessoas, o local, o atendimento e até mesmo como eles resolveram o problema de espaço, criando um banheiro unissex (o primeiro que eu vi funcionar em uma boate).

Lá pelas tantas, conversando com frequentadores da casa, os mesmos (que tinham se mudado para o local mais emergente do Rio de Janeiro) estavam me dizendo que, na ultima vez que tinham ido ao local, tinham ficado com o cartão de um amigo. E esse amigo tinha ido embora. E eles gastaram mais de R$ 200,00 no cartão da pessoa, esconderam o cartão e não pagaram.

Aí me vem a pergunta do título do meu post. Rico rouba ?! Bom, eu acredito que não.... Eu acredito que todas as CPI´s e tudo o mais que foi investigado no senado, no governo federal é pura falta de trabalho. Acho que a Cidade da Música foi um problema de tentativa de se economizar, bem como os anões da vida e o mensalão é invenção de jornalista, para ter o que escrever.

Para esses, não existe cadeia. O crime do colarinho branco se resume a pagar uma cervejinha para o Puliça. Existe cadeia para aquele que rouba por não ter trabalho e o que pega é apenas leite e pão, existe punição para os que, sem oportunidades na vida, vê o crime (que em muitas das vezes bate a sua porta literalmente) como alternativa ou como a ultima saida. Para esses sim existem punição.

E enquanto eles se apertam em cadeias super lotadas, existem milhões sendo desviados, com a desculpa de pagamento de salário, para uma corja residente em Brasília.

POESIA - Dor do questionador

Como pessoa, me frustro ao ver que as pessoas comemoraram uma morte; Como comunicador, me pergunto porque seis tiros de um snipper; Como pe...