Certa vez um amigo meu foi ao médico.
Chegando lá, ele disse: Doutor, eu tou doente, mas eu não quero fazer exame, não quero sentir dor, não gosto de hospital e quero logo ficar bom.
O Doutor disse: Sim, mas o que o senhor sente ?!
O amigo: Dor, muita dor de cabeça....
O Doutor: Sim, mais isso pode ser sintoma de várias coisas, precisamos fazer uns exames...
O amigo logo cortou: Não, eu não gosto de agulhas, tenho medo da radiação e nada de ficar me dando comprimido ...
O Doutor disse: Tudo bem, os dois primeiros eu posso não fazer, mas os comprimidos ...
E vendo que não ia ter solução, o meu amigo disse: Tá bom, eu tomo o remédio, desde que me garanta que ele irá tirar a minha dor ...
O Doutor disse: Sim, ele talvez não resolva, mas irá diminuir a dor que sentes ... irá amenizar o sofrimento ... irá ficar mais relaxado em alguns momentos ...
Entretanto ....
O amigo perguntou: Entretanto o que Doutor ...
O Doutor: entretanto não sei qual será o resultado. Não sei se a longo prazo o remédio fará efeito e o que isso irá mudar na sua vida e se fará você melhorar ....
Então o meu amigo não mais disse ....
Quando ele me contou isso, eu não entendi porque ele não queria fazer exames e nem nada ... E até hoje eu fiquei sem saber, entretanto, pensei no que estava acontecendo naquele momento. Estava eu entrando para o PROUNI, um programa do governo que destinavam bolsas de estudo em Universidades para estudantes de baixa renda oriundos da rede pública de ensino. O PROUNI é um excelente programa, entretanto, é algo paleativo, que veio para tentar igualar os 500 de exclusão do povo pobre (que por muitas das vezes é negro) das Universidades.
O projeto tem lá as suas falhas, os seus defeitos, mas é um grande avanço dentro dos projetos que tem como mote a igualdade social. Ele dá condições de que as instituições de ensino privadas concedam bolsas em troca do não pagamento de impostos. Muitos acham que esses impostos deveriam ser recolhidos e investidos em criação de novas universidades públicas além de investimentos nas já existentes.
Mas eu ainda me perguntava: "será que é realmente válido isso ?!" De início, claro que sim. Percebi que era necessário ter um projeto desse porte, mas e futuramente ?! Se a base do estudo não mudar, teremos cada vez mais escolas públicas com ensino palpérrimo, professores desestimulados com a aprovação automática (ou algo parecido) baixos salários e outros ...
Enquanto eu devaneava com as minhas idéias, meu amigo se retorcia de dor, dizendo que precisava ir, que estava na hora do remédio já ... Eu ainda pensando:" O projeto não dá nem condições de estudo, não custeia nem a passagem - se o cara já tem pouco, de onde vai tirar para estudar ?!" E meu amigo já ia embora ....
Quando percebi, ele já virava a rua. Então eu gritei: Lú ... Ele virou a esquina .. Eu corri .. E quando o alcancei, ele me disse: Só quem sabe a dor, é que sabe se é bom o remédio, seu efeito e até onde ele irá servir ...
Depois disso ele se foi .... E eu, com as minhas idéias, fiquei ...
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Um comentário:
Vez ou outra eu acompanho seu blog. Mas confesso que este texto me surpreendeu e estou sem palavras, vc disse tudo!!!
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